Em seu livro O Grande Colapso de 1929, John Kenneth Galbraith oferece uma análise detalhada das causas e consequências da maior crise econômica da história moderna. Para Galbraith, a Grande Depressão não foi apenas um acidente de percurso, mas sim o resultado de uma série de fatores estruturais que afetavam a economia norte-americana e mundial desde o início do século XX.

De acordo com Galbraith, uma das principais causas da crise foi o excesso de especulação financeira, que teve como seu principal palco a Bolsa de Valores de Nova York. Durante a chamada década dourada, até 1929, muitos americanos ricos e de classe média alta investiram em ações de empresas que pareciam promissoras, mas que estavam infladas artificialmente pelo mercado. O crédito fácil e a falta de regulamentação financeira permitiram que esse processo se intensificasse cada vez mais, levando a uma bolha especulativa que simplesmente não poderia ser sustentada.

O estouro da bolha aconteceu em 24 de outubro de 1929, conhecido como Quinta-Feira Negra. Em poucos dias, a economia mundial mergulhou em uma recessão profunda, com uma queda vertiginosa na produção, emprego e renda. Milhares de empresas faliram, bancos foram à falência e milhões de pessoas perderam suas economias, suas casas e seus empregos. A Grande Depressão durou até o final da década de 1930 e só foi superada após a Segunda Guerra Mundial.

Para Galbraith, a crise de 1929 mostrou que a economia capitalista não era capaz de se autorregular e que precisava de uma intervenção do Estado para evitar as consequências sociais e econômicas devastadoras de uma depressão. Ele defendia a adoção de políticas públicas que buscassem combater o desemprego, estimular o consumo e investir em infraestrutura, como forma de dinamizar a economia e garantir o bem-estar da população.

As ideias de Galbraith ecoaram em diversos países durante as décadas de 1930 e 1940, levando a uma revisão das concepções neoclássicas da economia liberal. O keynesianismo, por exemplo, defendia a intervenção do Estado na economia como forma de estimular a demanda e manter o pleno emprego. Essa perspectiva influenciou as políticas econômicas de países como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França nas décadas seguintes.

Hoje, mais de oito décadas após o Grande Colapso de 1929, as ideias de Galbraith ainda têm relevância para a compreensão do papel do Estado na economia e das consequências sociais do livre mercado. A crise atual, desencadeada pela pandemia da Covid-19, tem levado a um debate renovado sobre o papel do Estado na regulação da economia e na proteção dos mais vulneráveis. Em um mundo que enfrenta desafios cada vez mais complexos, a análise de Galbraith pode ser uma fonte valiosa de inspiração e reflexão.